O que é “autismos”?
Um modo de se colocar no mundo, na relação com a linguagem, com o próprio corpo e com os outros. Por isso,"autismos". No plural, pois cada um inventa seu modo próprio de
existir.
“Ninguém quer ser amado como ‘normal’ - cada um quer ser amado pelo que há de único em si.”
Bond, H. What autism can teach us about psychoanalysis. The Guardian, 16.
April, 2012.
A Mediação Escolar
Com a lei, uma nova prática foi se construindo, para ajudar às crianças e adolescentes a participarem, presencialmente, das aulas em escolas e cursos, e para que as instituições se sintam mais seguras em acolhê-los.
Quando bem orientado em sua função, o mediador contribui no processo de “inclusão”, junto aos pais, equipe pedagógica, professor, demais alunos e na apreensão do conteúdo das matérias. Através da Mediação, em um trabalho coletivo e elaborado como parte de um projeto singular de tratamento, a aposta é que a criança encontre sua própria maneira de estar com os outros na classe regular de ensino e se aproprie do conteúdo programático.
"O melhor tratamento para as crianças autistas é descobrir seus pontos fortes e desenvolver essas habilidades, de modo que elas possam vir a ter uma vida independente e garantir o próprio
sustento. [...] É preciso entender que os autistas pensam diferente. Alguns pensam em padrões, outros por imagens. É preciso aproveitar isso para ajudá-los, para que possam contribuir com a sociedade. Mas é preciso ajudá-los."
Temple Grandin criou a “máquina do abraço” e se tornou Phd em Sciences
Animal.
A causa
Não há uma única causa que explique como alguém se constituiu de uma maneira ou de outra. Ingestão de metal, carga genética, intolerância alimentar, obesidade materna, falta de
vitamina D pelo uso de protetor solar e má formação cerebral são
algumas das muitas explicações apresentadas.
O impacto causado pelo encontro do corpo com a linguagem
exige que cada um produza um sintoma, uma ficção sobre este
trauma inaugural que acontece "na madrugada da vida". Uns
apresentam maiores dificuldades. Outros, menores. Mas todos
precisam lidar com isto e encontrar uma melhor maneira de viver.
As Leis
Um lugar para os autistas agora é lei!
É preciso, então, estabelecer parcerias. A partir de um bom
encontro, fazer valer o que é um direito.
Saúde e Educação para todos... mas por que, frequentemente,
faltam vagam nas escolas para os que são “diferentes”?
"Nem tudo é Asperger. Tenho também o meu caráter."
Albert, em “Outras Vozes”, Documentário de Iván Ruiz (2013).
As invenções
A partir deste primeiro traumatismo, surgem as defesas e as invenções próprias que possibilitam um melhor uso da linguagem, um jeito de habitar o corpo e a forma de se colocar entre os outros.
As invenções e os objetos são preciosos para os autistas e têm um lugar especial em seus tratamentos: servem como orientação para os profissionais que lidam com eles, cotidianamente. Longe de serem obsessões inúteis, as paixões autísticas mostram seus desejos, seus limites, seus possíveis caminhos.
"Ele esteve no mundo durante 50 anos e foi uma criança especial. Como era autista, permaneceu menino até o fim. Passou a vida inteira na realidade de seu próprio mundo. Um corpo de adulto, coração e alma de criança. Tinha um ouvido absoluto, por isso,
tocou piano, adorava música, mas sua grande paixão era o rádio. Tinha a sua própria emissora em casa."
Jô Soares, sobre Rafael, seu filho, no Programa do Jô. 3 de novembro de
2014.
“Os cientistas consideram o pensamento autista como a antítese da criatividade: inapto à aprendizagem, rígido e literal. Estes a priori têm sido questionados, nos últimos anos, graças a uma série de estudos que mostram que os indivíduos autistas são capazes de uma verdadeira criatividade.”
Daniel Tammet, Embrasser le ciel immense - les secrets du cervau des génies
Texto: Ana Martha Maia (EBP/AMP)
Principais sintomas no autismo: Iván Ruiz (ELP/AMP)
Colaboração: Luiza Sarrat Rangel, Marina Valle e Natalia Gomes
Logo: Regina de La Rocque
Ilustrações: Ana Carolina Carvalho
Contato: lugarelacos@gmail.com
